
Por João Paulo Leal – Da Redação
Nos bastidores da política piauiense, surge uma tensão crescente entre os partidos que dão sustentação ao Governo de Rafael Fonteles (PT). Desde o início do mês em curso, dirigentes e parlamentares do MDB manifestaram desconforto com a estratégia do PT de fortalecer sua chapa proporcional para as eleições estaduais de 2026, uma movimentação que pode abalar a longeva aliança política que vem garantindo sucessivas vitórias ao grupo que lidera o Palácio de Karnak e, por consequência, a Assembleia Legislativa, atualmente sob a presidência de Severo Eulálio (MDB).
Deputado Severo Eulálio
O estopim desse atrito é uma articulação atribuída ao PT para atrair deputados emedebistas para compor sua chapa proporcional à Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi). Segundo o deputado Dr. Hélio Oliveira (MDB), seu partido deve “rivalizar cadeiras com o PT” e trabalhar para eleger uma bancada robusta na Alepi, desafiando a hegemonia petista.
Deputado Dr Hélio
Do lado petista, entretanto, a responsabilidade é negada. O presidente estadual do PT, deputado Fábio Novo, afirmou que não há orientação para atrair deputados do MDB para migrarem à sua sigla, dizendo que cada deputado fará “suas contas de onde acha que é melhor para disputar a reeleição”.

Deputado Fábio Novo
Para contornar esse clima, o governador Rafael Fonteles propôs uma estratégia: coordenar pessoalmente a formação das chapas proporcionais da base aliada, restringindo-as a apenas duas legendas — PT e MDB/PSD. A ideia, segundo ele, é evitar a fragmentação de votos e garantir maior eficiência eleitoral. Fonteles já havia defendido essa tese em reuniões com lideranças aliadas: menos chapas para somar forças e não dispersar votos.

Porém, na avaliação de alguns caciques do MDB, o plano pode privilegiar demais o PT. O deputado Rubens Vieira (PT) deixou claro recentemente que o partido ambiciona eleger entre 15 e 16 deputados estaduais, reforçando seu protagonismo na Alepi. Para emedebistas, essa meta reforça a visão de que o PT está disputando internamente, dentro da base, não apenas para governar, mas para dominar. A lógica: se o PT crescer muito, pode “engolir” seus aliados.
Deputado Rubens Vieira
Se for confirmado esse descontentamento, o risco é claro: a aliança entre MDB e PT, que tem sustentado o governo Fonteles, pode sofrer fissuras. A disputa por cadeiras proporcionais sinaliza não só uma corrida por poder legislativo, mas uma redefinição entre os aliados sobre quem manda e quem se sacrifica na base governista para garantir o projeto majoritário.
O governador Rafael Fonteles, por sua vez, afirmou publicamente que desconhece “uma crise” entre PT e MDB. Ele disse que não tinha tomado conhecimento das declarações de insatisfação dos aliados emedebistas e minimizou qualquer tipo de ruído em sua base.
Governador Rafael Fonteles e Severo Eulálio, presidente da Alepi
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