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Matéria / Saúde

Excesso de peso tem relação com questões emocionais, dizem especialistas

No Brasil, 54% da população tem sobrepeso e 18,9% é obesa

05/11/2018 - Jesika Mayara

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P40G-IMG-202534930fda2f9e70.jpg (Foto: Assis Fernandes/O Dia)
P40G-IMG-202534930fda2f9e70.jpg (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

A obesidade é um problema crescente em todo o mundo e já atinge 18,9% dos brasileiros. O sobrepeso, por outro lado, é uma realidade para mais da metade da população no país, com um índice de 54%. Os dados são da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgados em junho pelo Ministério da Saúde. 

Segundo a nutricionista esportiva Ághata Crystian, a obesidade é uma doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). “A pessoa não precisa ter nenhuma taxa alterada. Se ela tiver obesidade, já tem um problema, que é muito grave e uma porta para outros problemas. Quando a pessoa tem obesidade, a probabilidade de desenvolver os outros problemas é bem maior, (...) inclusive o câncer, que está muito associado com o excesso de gordura no corpo”, esclarece. 

Segundo a especialista, as pessoas pensam que estar acima do peso não é problema de saúde e que só as taxas alteradas representam uma doença, o que não é verdade. “A genética influencia sim, fortemente, mas o que vai diferenciar uma pessoa sadia de uma pessoa doente é a decisão de manter um estilo de vida saudável. Você pode brigar contra a genética”, afirma. Ághata destaca que a maioria dos casos de excesso de peso estão relacionados a problemas de saúde emocional, como depressão, ansiedade, compulsão alimentar.

A nutricionista esportiva Ághata Crystian atua especialmente na área de emagrecimento e com doenças crônicas, como obesidade, hipertensão arterial e diabetes. Ela observa que mais de 50% da população de Teresina está acima do peso, seja com sobrepeso ou obesidade. “Tem um número grande de obesos [em Teresina], inclusive crianças com obesidade. É uma projeção: se as crianças estão obesas, como estarão quando adultas?”, indaga. 

"É uma projeção: se as crianças estão obesas, como estarão quando adultas?”
Como profissional, Ághata trabalha com dois programas de emagrecimento: um deles é focado nos adultos e o outro nas crianças. A média de atendimentos é de quase 200 pacientes por mês, sendo a maioria por excesso de peso. O grupo de obesos no programa cresceu 23,5% este ano. “Isto reforça os dados de que o número de obesos tem aumentado muito”, destaca.

E a nutricionista alerta: “muitas vezes, o excesso de peso não vem sozinho: ele vem acompanhado de um problema de hipertensão, diabetes ou pré-diabetes, dislipidemia (alteração de colesterol), problema de tireoide, gordura no fígado”, pontua. E entre estas patologias, Ághata elege o diabetes como o mais preocupante. “O diabetes não tem cura e requer um cuidado bem maior no tratamento. Com medicação, às vezes, a pessoa precisa tomar insulina injetável. É preciso dar mais atenção pra isso”, afirma.

Acompanhamento com equipe multiprofissional é importante

A nutricionista Ághata Crystian defende um trabalho de vários profissionais, em conjunto, para dar maior suporte ao paciente obeso ou com sobrepeso. “Uma equipe multiprofissional consegue dar um retorno melhor para o paciente do que ele consultar com profissionais isolados. Aqui nós trabalhamos com um prontuário comum onde todos os profissionais têm acesso, então, a gente sabe todas as dificuldades que o paciente tem e trabalha em conjunto para resolvê-las. É muito mais fácil erguer esse paciente e ajudá-lo a sair da obesidade, porque não é fácil”, relata. 

Ela explica que, após a perda de peso, o paciente pode ganhar esse peso novamente, algo inclusive bastante comum entre as pessoas que foram submetidas a uma cirurgia bariátrica. “Recupera porque não houve mudança de hábitos, não existe uma rotina de exercícios físicos, de alimentação saudável. A gente orienta sempre os pacientes a buscarem um atendimento multiprofissional”, ressalta.


Bons hábitos 

Ághata defende ainda que “o resultado é proporcional à dedicação” e, às vezes, é mais difícil no começo porque são muitas mudanças. “Então, a pessoa vai em passinhos menores. Outras pessoas já conseguem aderir à restrição e ir mais rápido”, reforça. Um empecilho para a perda de peso é o metabolismo lento. Com isso, o processo se torna mais lento. “A mulher tem o metabolismo mais lento e o homem tem muito mais facilidade”, assinala. A especialista explica que é importante trabalhar com a nutrição comportamental. “Vamos tentar melhorar os hábitos. A perda de peso é uma consequência”, complementa. No caso do diabetes, por exemplo, bons hábitos alimentares reduzem inclusive o número de remédios que o paciente precisa tomar. 

O que fazer quando você não quer ou não pode frequentar academias?

Seja por motivos financeiros, de saúde, falta de tempo ou questão de adaptação ao ambiente, muita gente não pode (ou não quer) frequentar uma academia. Nesses casos, a caminhada é um primeiro passo, aconselha a nutricionista Ághata Crystian. “Se você não pode ou não gosta de academia, existem outras coisas que pode fazer. Exercício físico é uma coisa que a pessoa precisa gostar. Têm muitas pessoas que não gostam da academia porque acham monótono”, analisa. Assim, ela aconselha que a pessoa procure fazer crossfit, treino funcional, natação, andar de bicicleta, entre outras atividades. 

“Antes não tinha ânimo para nada”, conta jovem após perder 32 kg

O contador Allan Farias, de 26 anos, sempre esteve acima do peso, desde criança. E, em março, começou a fazer tratamento para emagrecer. Ele conta que mudou de ideia e desistiu da cirurgia bariátrica depois que perdeu cerca de 12 quilos apenas com o tratamento e mudança de hábitos. Quando começou o tratamento, ele pesava quase 137 quilos e, hoje, já perdeu 32 quilos.

“Minha vida mudou totalmente, me sinto mais ativo, tenho mais disposição, tenho saúde."


 “Com essa perda, não precisei mais tomar remédio para pressão alta e diabetes, e pude perceber que, através do meu esforço, poderia perder mais peso e perder de forma saudável”, relata. Segundo o estudante, o início do tratamento não foi fácil. “Estava habituado a um tipo de alimentação e era sedentário. Na verdade, toda mudança não é fácil, mas depois de dois meses de muito esforço, consegui me habituar”, lembra. 

A nova rotina de alimentação consiste em ingestão de alimentos de 3 em 3 horas, sendo estes ricos em proteínas e com baixo teor de carboidrato. Além disso, Alan faz academia de segunda a sexta e corrida aos domingos. “É um esporte que nunca pensei que fosse praticar e hoje amo. Estou até fazendo parte de uma equipe de corrida. Só aos sábados que não pratico atividade física”, pontua. “Minha vida mudou totalmente, me sinto mais ativo, tenho mais disposição, tenho saúde. Antes não tinha ânimo para nada, vivia cansado e reclamando da vida, hoje sou grato pela vida”, conclui. 

 

Fonte: Portal O Dia

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