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Mais uma vez um Davi derrota um “Golias”

O fato histórico volta a se repetir em outro contexto e outro cenário

02/02/2019 - Redação

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P40G-IMG-3e10d0ed34f23d53e0.jpg Davi Alcolumbre ganha Presidência do Senado impondo humilhante derrota a Renan Calheiros (Foto: Reprodução)
P40G-IMG-3e10d0ed34f23d53e0.jpg Davi Alcolumbre ganha Presidência do Senado impondo humilhante derrota a Renan Calheiros (Foto: Reprodução)

Por João Paulo Leal

Até ontem à noite (01), o Brasil não conhecia um tal senador de nome Davi Alcolumbre, filiado ao Democratas do pequeno Estado do Amapá, no Norte do país.

Eleito em 2014, o parlamentar vai para a segunda metade de seu mandato e, assim como outros, lançou candidatura à Presidência do Senado, cuja eleição deveria ocorrer ontem, após a posse dos 54 senadores eleitos ano passado. Como era suplente da Mesa anterior e o único dos membros que ainda tem mandato, pelo regimento coube a ele dirigir a sessão preparatória. E foi aí que o Davi se agigantou em cima do “Golias” Renan Calheiros, até então o favorito para vencer a disputa e assim conquistar seu quinto mandato de presidente do Senado.

O amapaense decidiu consultar o plenário sobre a possibilidade de votação aberta e nominal, o que foi aprovado por 50 votos a dois. Após tumultos e discursos inflamados dos defensores da candidatura de Calheiros, inclusive com direito a rompantes do mesmo, a sessão foi adiada para hoje, dia 02. Porém, ainda na madrugada, o presidente do STF, Dias Toffoli, por liminar, anulou a votação e determinou que a votação fosse secreta.

A decisão do chefe da suprema Corte Brasileira mobilizou os senadores contrários à candidatura de Renan, que em reuniões que se seguiram até o início da sessão, garantiram que a votação seria através de cédula e não pelo sistema eletrônico. Com isso, as chances de Renan estavam cada vez menores, ao tempo que Davi se credenciava com seus colegas, sobretudo com os novatos, por conta do seu comportamento na sessão de ontem. E para evidenciar ainda mais o contraponto à decisão de Dias Toffoli, vários senadores exibiram seus votos, antes de depositarem as cédulas na urna. Porém, durante a apuração foi verificada a existência de 82 cédulas, uma a mais do número de votantes, o que comprava que houve tentativa de fraude na eleição.

O processo, então, foi reiniciado com uma nova votação e durante o mesmo, após alguns senadores declararem seus votos, inclusive Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, o candidato Renan Calheiros subiu à tribuna e durante um inflamado pronunciamento jogou a toalha e anunciou a retirada de sua candidatura. Concluída a votação e apurados os votos, a vitória de Davi Alcolumbre foi confirmada em primeiro turno, com 42 votos. Os demais que mantiveram suas candidaturas somaram 30 votos.

A retumbante vitória de Davi Alcolumbre não significa uma acachapante derrota só para Renan Calheiros, mas também ao seu partido, o MDB, que há mais de duas décadas vinha controlando a Mesa Diretora do Senado, por meio de nomes como José Sarney, Garibalde Alves, Rames Tebet, Jader Barbalho, Eunício Oliveira e o próprio Renan. Indiferente ao recado das urnas, o partido jogou todas as suas fichas em Renan Calheiros para continuar no comando do Senado e do Congresso Nacional. Mas o surgimento de um Davi no caminho do Golias das Alagoas é só mais uma clarividente demonstração que o Brasil que saiu das urnas em outubro do ano passado é outro, muito diferente do Brasil velho, que muitos ainda insistem em viver.

* João Paulo Leal é jornalista, pós graduado em Assessoria de Imprensa e Jornalismo Digital

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