Picos(PI), 25 de Abril de 2024

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Justiça mantém prisão de ex-PM que disse ter saudade de matar e de outros 12 presos em operação no PI

As prisões aconteceram nesta segunda-feira, 02

04/12/2019 - Redação

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P40G-IMG-1d70fb9f39e8a462aa.jpg � (Foto: Reprodução)
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O Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI) manteve a prisão do o ex-policial militar Wanderley Silva e outros 12 presos da Operação Dictum. O ex-PM, nove policias militares e um civil, além de duas pessoas que não eram agentes de segurança tiveram audiências de custódia no Fórum Cível e Criminal Desembargador Joaquim de Souza Neto, em Teresina, nesta terça-feira (3).

A Operação Dictum (“limpeza” em latim) foi deflagrada nessa segunda-feira (2) com o objetivo de desarticular organização criminosa composta por policiais militares e civis suspeitos de roubo, homicídio e pistolagem.

Áudios divulgados pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí (SSP-PI) mostram, segundo a polícia, os alvos da operação comentando os crimes.

Em um dos trechos, um homem que a polícia diz ser o ex-policial Wanderley Silva diz estar com “saudade de matar”. O Secretário de Segurança, Fábio Abreu, informou que ele era o líder do grupo criminoso.

Durante as audiências de custódia, o juiz foi o Jorge Clay Martins, da Central de Inquéritos, considerou que não houve maus tratos na execução dos mandados de prisão que estavam em aberto contra os suspeitos.

Desta forma, não houve motivo para revogação das prisões. Os policiais militares foram encaminhados para o presídio militar, o policial civil para um distrito policial e o restante para o sistema prisional do estado.

‘Somos pistoleiros’
Em um dos áudios divulgados pela SPP-PI, Wanderley Silva pede ajuda para comprar uma pistola, porque estaria apenas com um revólver 38. Em tom irônico, em outros trechos, ele comenta sobre todos serem “pistoleiros”.

“Vê como é que tu me ajuda pra comprar a pistola. Tu é doido, tô andando só com o ‘oitão’ aqui. Ainda mais nós, que somos pistoleiros, Maguim, tem que botar na cabeça que somos pistoleiros”, diz.

O ex-policial comenta em outra conversa que conseguiu um “contrato” para receber R$ 10 mil para agredir alguém e que havia pedido o dobro desse valor para matar a vítima, mas que não chegou a receber autorização para cometer o homicídio.

“Tem um contrato pra nós, viu? Parece que fechou lá R$ 10 mil só pra dar um pau num vagabundo, estou indo falar com ele. Eu tinha pedido R$ 20 mil pra ‘derrubar’, mas o cara não quer ‘derrubar’ de jeito nenhum, quer só que dê um pau bem dado”, diz.

‘Saudade de matar’

Em uma das conversas divulgadas, um homem identificado como René Carvalho – que segundo o Greco é PM e não foi preso – chama Wanderley para agredir uma pessoa que estaria incomodando sua família, mas pede que a vítima não seja morta.

Wanderley diz, então, que está com saudade de matar. “Vou caçar uma ripa aqui que é bom dar nele é de ripa, não é de mão, não. Porque tem que ser rapidinho pra não inflamar de gente”, diz René.

Wanderley questiona: “Beleza e por que não derruba logo esse moleque?”.

Renê responde: “Não pode matar, não. Se matar, vai dar confusão aqui. É só dar uma ripada boa mesmo. Se [ele] tivesse feito alguma coisa mais grave, quem tinha matado era eu mesmo”.

O ex-PM finaliza: “Estou com saudade, nunca mais matei ninguém, ô tristeza. Tirar um diazinho pra nós rodar…”.

Roubo de carga
Televisores foram apreendidos em casa no Parque Vitória — Foto: Divulgação/SSP
Televisores foram apreendidos em casa no Parque Vitória — Foto: Divulgação/SSP

O Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) informou que a investigação começou depois do roubo de carga de televisores em maio. No entanto, com o decorrer da operação, crimes de pistolagem, homicídio e tráfico também foram descobertos.

O ex-cabo da PM Wanderley Silva é investigado desde 2017, quando R$ 300 mil desapareceram após uma tentativa de assalto a banco. O caso ainda está sob investigação.

Silva também é conhecido por, em maio de 2018, ter se envolvido em uma discussão na qual baleou o cantor Saulo Dugado em uma padaria da Zona Leste de Teresina.

A polícia apura quais dos policiais presos participavam diretamente dos crimes e quantos homicídios podem ter sido praticados pelo grupo. A suspeita é que eles interceptassem cargas de contrabando, em especial de cigarro, para vender.

Os presos também são suspeitos de invadir bocas de fumo, roubar entorpecentes e repassar a droga a outros grupos de traficantes, mediante pagamento.

Fonte: G1

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