02/07/2025 - Redação
(Foto: Reprodução)
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom ao comentar a derrubada do decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). Em entrevista à TV Bahia nesta quarta-feira (2), o petista defendeu a decisão do governo de acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a medida e afirmou que, sem recorrer ao Judiciário, considera impossível seguir governando.
"Se eu não entrar com recurso no Poder Judiciário, se eu não for à Suprema Corte... ou seja, eu não governo mais o país, cara. Cada macaco no seu galho. Ele [Congresso Nacional] legisla, eu governo, sabe?", declarou.
A declaração foi dada após o governo protocolar uma Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) no STF, na tentativa de validar o decreto que havia sido suspenso pelo Congresso na semana passada. A proposta previa um aumento da cobrança do IOF em determinadas operações, o que, segundo cálculos da equipe econômica, poderia gerar até R$ 10 bilhões em arrecadação neste ano.
Lula responsabilizou interesses econômicos pela rejeição do texto. "O dado concreto é que os interesses de poucos prevaleceram dentro da Câmara e do Senado, o que eu acho um absurdo", criticou. Segundo o presidente, a pressão de grupos como casas de apostas, fintechs e representantes do setor financeiro influenciou diretamente o resultado.
Apesar do descontentamento, Lula destacou que mantém uma relação de respeito com o Congresso e relembrou votações anteriores em que obteve apoio significativo dos parlamentares. Ainda assim, classificou a decisão recente como um "erro", especialmente por entender que houve quebra de um acordo entre o Executivo e o Legislativo.
"O erro, na minha opinião, foi o descumprimento de um acordo que tinha sido feito num domingo à meia-noite, na casa do presidente Hugo Motta. Lá estavam vários ministros, vários deputados. O companheiro Fernando Haddad, com a sua equipe, festejou o acordo no domingo", contou.
Além do aumento do IOF, o plano negociado incluía outras medidas para elevar a arrecadação, como o fim da isenção de imposto de renda para investimentos em LCIs e LCAs, além de uma taxação mais rígida sobre apostas esportivas.
Em meio à agenda oficial na Bahia, Lula adiantou que pretende retomar o diálogo com os presidentes da Câmara e do Senado após retornar de viagem à Argentina, onde participa da cúpula do Mercosul. "Quando eu voltar, eu tranquilamente vou conversar com o Hugo Motta, vou conversar com o Davi Alcolumbre, e vamos voltar à normalidade política desse país", afirmou.
Fonte: CNN Brasil