Picos(PI), 15 de Novembro de 2025

Matéria / Polícia

Justiça autoriza extração de dados telefônicos de suspeitos por agiotagem no PI

15/11/2025 - Jesika Mayara

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P40G-IMG-aed2af49c12659a964.jpg (Foto: Polícia Civil)
P40G-IMG-aed2af49c12659a964.jpg (Foto: Polícia Civil)

A Justiça do Piauí autorizou a extração de dados telefônicos dos celulares apreendidos durante a Operação Macondo que investiga a atuação de agiotas estrangeiros em cidades do Piauí. A operação foi deflagrada na terça-feira (11). Com a autorização, os aparelhos já foram encaminhados para início da extração. Não há um prazo para finalização já que o processo é longo e técnico. 

“Todos eles tinham aparelho telefônico correlacionado e a gente vai mandar todos para extração e análise desses dados. Quando a gente faz o pedido de busca a gente faz também o pedido de extração dos dados para os aparelhos eventualmente apreendidos na diligência e foi autorizado”, explica o delegado Yan Brayner. 

O esquema tinha como principais vítimas pequenos comerciantes, ambulantes e autônomos que recorriam aos empréstimos por não ter acesso ao sistema bancário. Em pouco tempo, as dívidas se tornavam impagáveis, o que provocava ameaças psicológicas e físicas. A prática levava a ocorrência de outros crimes como homicídio e até suicídios causados pela forte pressão psicológica.

Os criminosos divulgavam os serviços por meio de cartazes e panfletos afixados em áreas comerciais dentro de Teresina, como shopping popular e zonas comerciais, especialmente nas regiões de Teresina, Parnaíba, Barras, Oeiras, Floriano e Água Branca.

Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de prisão e 18 de busca e apreensão. Além do bloqueio judicial de R$ 5 milhões em contas ligadas aos investigados, conforme decisão do Poder Judiciário.

Como funcionava o esquema?

A Polícia Civil segue com as investigações de uma espécie de “franquia” voltada para a prática de agiotagem em várias cidades do estado. O esquema seria financiado com recursos vindos da Colômbia e contava com a participação de estrangeiros, principalmente colombianos e venezuelanos, que ofereciam empréstimos com juros abusivos, que ultrapassavam 30% ao mês, a pequenos comerciantes e trabalhadores informais.

De acordo com o delegado Yan Brayner, diretor de Inteligência da Polícia Civil, o grupo operava de forma organizada e contava com estrutura padronizada em diferentes municípios. Ao todo, 13 pessoas foram presas nas cidades de Teresina, Parnaíba, Oeiras, Barras, Picos e Água Branca. Dois seguem foragidos.

“Eles já eram cooptados para fazer essa atividade específica aqui. O dinheiro vinha da Colômbia, era disponibilizado para os agiotas colombianos e venezuelanos aqui e esses repassavam para pequenos comerciantes que infelizmente não têm acesso ao crédito formal em instituições financeiras”, explicou o delegado.

De acordo com as investigações, o grupo era formado majoritariamente por estrangeiros da Colômbia e da Venezuela. As vítimas eram obrigadas a realizar pagamentos diários ou semanais, sob constante pressão. Há relatos de desaparecimentos e até suicídios de pessoas que não conseguiram quitar as dívidas impostas pelo grupo.

 

 

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