30/03/2016 - Jesika Mayara
Ministro Celso Pansera, em foto de arquivo. (Foto: Reprodução/TV Bahia)
Ministro Celso Pansera, em foto de arquivo. (Foto: Reprodução/TV Bahia)
O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, recomendou nesta quarta-feira (30), que a fosfoetanolamina seja legalizada como suplemento alimentar junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segundo nota de sua pasta.
"Achamos que uma saída seria a produção da fosfoetanolamina como suplemento alimentar, mediante orientações, obviamente. É preciso ficar bem claro que isso não substituiria nenhum acompanhamento médico, nem tratamentos com eficácia comprovada."
O ministro ressaltou a necessidade de que um laboratório público ou privado peça aprovação à Anvisa para produzir a substância: "Iremos procurar uma empresa credenciada pelo governo de São Paulo para verificar se há interesse, ou então algum instituto de pesquisa que tenha condições de escalonar isso. Depois, o próprio mercado se acertaria à demanda."
Na opinião de Pansera, essa medida poderia evitar que pacientes recorram a fontes desconhecidas para obter a substância. "Sabemos que existe um mercado subjacente desse produto. A proposta é que seja legalizado no momento como suplemento alimentar, para que ganhe as prateleiras das farmácias e das lojas especializadas, enquanto o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) soma esforços com o governo de São Paulo para continuar a pesquisa em seres humanos, nas fases necessárias para se comprovar que é ou não um medicamento", disse Pansera, segundo material de divulgação do ministério.
Sociedade médica critica proposta
O oncologista Gustavo Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), é crítico a essa solução e acredita que a aprovação da fosfoetanolamina como suplemento vai impedir a continuidade dos estudos clínicos que buscam avaliar se a substância é realmente eficaz contra o câncer.
“O fato de as pessoas estarem recorrendo a fontes desconhecidas para obter a substância não deve gerar uma saída atrapalhada, que vai matar os estudos clínicos. Se isso for liberado como suplemento, vamos continuar sem saber se funciona ou não e isso é muito ruim”, diz.
Fernandes observa que será difícil convencer pacientes a entrar em testes clínicos sobre a fosfoetanolamina se a substância já estiver disponível nas farmácias a baixo custo e isso pode inviabilizar a conclusão dos estudos.
“Entendo o lado do ministro e dos deputados, que estão sendo pressionados pela sociedade e querem dar uma resposta. Mas às vezes não se sabe a resposta e é preciso assumir isso”, afirma o médico.
Fonte: G1